quinta-feira, 1 de março de 2007

PARIS TOUJOURS PARIS (ver fotos)

A CHEGADA


Il était une fois.. Shay, Gabi e leur voiture …..

A rota Poitiers-Paris foi uma longa descoberta, via N-10, estrada nacional, que foge dos pedagios e atravessa cidades. Passamos por villas minusculas, por casas encravadas nas rochas e pelo primeiro castelo forte francês, o Le Donjon du Faucon Noir. O chateau foi construido pelo impedoso Conde d’Anjou, que queimou sua esposa e massacrou seus inimigos. Alem de violento, ele tambem foi um visionario: se apoderou de Touraine no fim do século X e cercou sua propriedade com imensas torres de pedra, dando inicio a esse tipo de construção na França. Também conhecido como Faucon Noir, o Conde construiu diversos monastérios, abadias e viajou quatro vezes à Jerusalem, como prova de seus excessos...
Estradas erradas, um picnic dentro do carro e sete horas depois, conseguimos chegar em Paris!

Cadê o William?

Chegamos e ficamos na rua... Mas pelo menos estavamos nas ruas de Paris...o Shay ficou todo nervoso.. ehehehe...porque o William, que tambem estava hospedado no apartamento do Edgar (que foi passar o ano novo na Espanha) sumiu com a chave e não atendia o celular... So que tudo estava dando certo: logo na chegada, na primeira volta na quadra conseguimos achar uma vaga para estacionar o carro, num lugar onde não tinha parquimetro... um milagre!! Demos um tempinho na frente do ape e logo o guri chegou! Largamos as malas e fomos nos “balader” pelas Ruas do Marais, uma região onde a moda é mais alternativa, gays andam de mãos dadas e caem na noite... passamos pela livraria Mona Lisaint, onde os livros são vendidos por apenas 1 euro...Na Rue des Rosiers, rua dos judeus, descobrimos a Chez Marianne, um bar com clima de boteco.. mesas bem proximas umas das outras, meia luz, desenhos nas paredes, centenas de vinhos, tinha um feito pra mim, de 1978.. eehehhe, e para acompanhar: queijos, petiscos, frios, azeitonas, etc... um astral maravilhoso! A gente ficou so namorando do lado de fora... porque um dia, quando a gente tiver dinheiro, a gente vai!

Paris de roller

Sexta-feira de noite é dia de andar de roller. Desde 1994, um grupo de dezenas de pessoas de todas as idades, cores e lugares se reunem pra deslizar pelas principais ruas da cidade. Com a policia (tambem de roller) à frente, bloqueando as ruas, eles saem em disparada!! O Shay falava sobre isso, quando avistamos um grupo de pessoas no meio na rua e quem eram???? Os rollers..se preparando pra mais um passeio... Vimos a largada e deu vontade de ir atras.

Como os parisienses

Caminhamos mais um pouco pelo Marais e chegamos perto de um burburinho pra ver o que era... supresa! Ganhamos de uma moça simpatica um ingresso para o teatro!!! Compramos o outro por 13 euros e entramos... O lugar era fantastico! O publico, por pouco, não fica sentado no palco.. Umas 50, 60 pessoas, no maximo, se acomodam nos bancos distribuidos de forma improvisada e assitem a peça cara-a-cara com o ator, um comediante meia boca... Como o lugar era mini, nos restou um espacinho, tipo um puleiro de galinha, um banquinho numa parte mais alta do palco, ficamos literalmente do lado do ator... e pra que!!!! Adivinha quem foi sorteado para as piadas finais?? Eheheheheheh, Shinyyyy boy!!! ator: “ele se escorou ali e dormiu a peça inteira” “ahahahahah”... mas o cara foi legal e elogiou o belo casal e seus futuros enfants que seront très très jolie! Eheheheeheh! Bravo! Fin!
Ganhamos a noite e a viagem: um programa tipico dos moradores da cidade.. um teatro meio escondido, pra poucos, o Point Virgule, com peças da cena alternativa parisiense...um presente!

O DIA “D”, DAS DORES

Pernas pra que te quero

Se a gente soubesse o que fosse acontecer hoje.... Começamos a caminhar às 13h e so paramos às 3 da manhã, quer dizer, o SHAY so parou às 3 da manhã... O primeiro passeio foi até a Gare de Lyon. Entramos no Le Train Bleu, o restaurante da estação. Enquanto trens chegavam e partiam, trazendo e levando pessoas, os salões imensos do buffet, cheios de esculturas, dourados e grandes pinturas permaneciam tranquilos, silenciosos... o restaurante foi inaugurado durante a Belle Epoque, em 1901. 41 pinturas que retratam os acontecimentos da época estão até hoje intactas, penduradas nas paredes dos salões e é possivel percorrê-las como se fosse um museu. O Le Train Bleu foi frequentado por Coco Chanel, Brigitte Bardot, Jean Cocteau, Colette, Dali e outros famosos.. Mas a gente, olhou, olhou e foi embora.. porque um dia a gente vai ter dinheiro pra ir.. ehehe...
Atravessamos o Rio Sena em direção ao 5°arrondissement, uma região tipicamente francesa... sim, porque a França tem os franceses, mas também tem a mistura dos africanos, arabes, chineses e outros povos. Ruas pequenas, uma praça com chafariz e luzes de Natal por tudo, lojinhas, pequenos e charmossisimos bistrôs... ai que fome... 10 euros por pessoa: entrada, prato principal e sobremesa...mas a a gente acabou ficando com um salgadinho de batata. Na Rue Mouffetard, descobrimos uma livraria maravilhosa. A L’Arbe du Voyager tem poucas obras, mas uma seleção de dar inveja. Romances, ensaios, poesias, policial, teatro, literatura, historia...Os livros que conquistaram os melhores prêmios de literatura do mundo estão separados em uma grande prateleira... não tem erro... a boa leitura esta garantida, sem precisar fazer esforço. Seguindo um pouco mais por esta rua, os carros desaparecem e começa um grande marché... as lojas se transformam em “bancas” e invadem as calçadas... toldos protegem os produtos e os clientes da chuva. Tudo o que os franceses precisam esta la, um do lado do outro: e frutos do mar, dezenas de queijos, vinhos, especiarias, frutas, sobremesas deliciosas, chocolates, carnes, frios. Numa delas provamos azeite de oliva com sabor de limão, menta, basilico e pimenta... Hummmmm... Nesta mesma loja tinha caviar iraniano pra vender.. 100 gramas por 900 euros. ça t'plait?

A cidade das livrarias

Seguimos em direção ao Saint Germain, o bairro das universidades e dos livros. Passamos por diversas livrarias especializadas, uma delas so vendia livros de Julio Verne... les Voyages Extraordineries de Jules Verne.. os livros para as crianças tinham cada ilustração...
Outra livraria tinha livro até no teto e um senhor sentado num cantinho lendo.. parecia afogado num monte de obras. Acho que essas duas, junto com a L’Arbe du Voyager, foram as mais legais que vimos. Como eu queria ir até a Galeria Lafayette, começamos a caminhar em direção ao Saint Michel, região mais da noite, com bares, lojinhas e bistrôs. Por la estava tudo lotado, cheio de turistas passando, bebendo, comendo...


De carro em Paris

Numa rua, com algumas galerias de arte, encontramos um carrinho de aeroporto (esses que levam as malas) abandonado. Pegamos pra nos! Eu sentei e o Shay me empurrou por um tempão, disputando espaço com os carros. Depois foi a minha vez de empurra-lo. Viramos atração! Ehehaheheahaah... das duas uma.. ou nos olhavam com cara de espanto ou sorriam com inveja... ehehehe... acho que a gente andou com esse carrinho pra cima e pra baixo por quase uma hora. Atravessamos o rio com ele, quase atropelamos pessoas, tiramos fotos... e nos despedimos... mas foi dificil porque o Shay se apegou e queria trazê-lo para Poitiers.

Emergência

De repente, no meio do caminho até a Galeria Lafayette, eu vou no banheiro, mas minha vontade de fazer xixi não passa e começa a piorar cada vez mais. Desistimos e, enfim, pegamos o metrô pra casa, depois de tomar chuva, passar frio e caminhar por quase oito horas. Antes passamos na farmacia, mas não podiam vender remédio pra cistite sem receita. Jantamos e fomos fazer um passeio no Hôpital Publique Saint-Antoine. Como não dava pra tirar o carro da vaga que conseguimos, pois não achariamos outra, o jeito foi ir quase correndo até o hospital, que ficava ha umas 4 quadras de casa. Parecia que eu ia mijar calça a baixo...Porque abandonamos o carrinho do aeroporto?

Madrugada na fila do SUS parisiense

Cansados, com sono, dores no corpo e vontade de fazer de xixi, ouvimos da enfermeira que fazia a triagem: “O caso dela não é urgente, vamos passar as prioridades primeiro. Mas ela vai ser atendida ainda esta noite”... Ehehehehehe... Tempo total de espera por uma receitinha médica: 4 horas, das 22h até as 2h da madrugada. Olhando pelo lado positivo, pudemos ver o que acontece num hospital de Paris durante a madrugada....um enfermeiro toquinho e fortinho extremante mal humorado, que o Shay simpatizou e apelidou de “Zangadinho”. Todo mundo dava boa noite pra ele e ele, nada. Uma coreana que chegou com a mão cortada e a roupa toda ensanguentada esperou bravamente até chegar sua vez de ser atendida..dois presos, trazidos pela policia.. um deles xingava os policiais, fez quebra-quebra no saguão e teve que ser imobilizado, um casal de espanhois entendiados e com um problema no olho....um grupo de boys arabes, com seus jeans estonados, jaquetas de couro e celulares ultra-modernos esperando os familiares que estavam em atendimento, macas que chegam com feridos (nada grave) e o mais engraçado de todos, um bebum “Cowboy” todo sujo e cagado, que toda hora levantava da cadeira, dava uma volta em torno do proprio corpo pra depois cair sentado novamente...ele garantiu a diversão da noite quando tentou invadir uma sala médica, assustando um gordinho adolescente que esperava sozinho... e também quando soltou uns tracks na nossa frente antes de ir no banheiro pra mais uma “aliviada”.. ehahahahehehea.. depois do xingão de uma enfermeira ele deitou e dormiu feito criança. E a cena mais horripilante.. dois amigos, esqueléticos, um deles com um olhar de louco, olhos arregalados e sem os dentes da frente..outro com orelhas pontudas parecendo um diabo... brigaram com o amigo que estava sendo atendido, outro magrelo, e foram embora porque estava demorando... eitcha parceria!
“Madame Marracham”... ganhou alta e foi pra casa, com a ordonnance médica. Para Shay, começava mais uma longa jornada a pé... atras de uma farmacia aberta durante a madrugada... foi quase uma hora e meia de caminhada em vão, seguindo informações erradas dos pedestres que tentavam ajudar... um trajeto que o levou até a Porta de Vincennes (uma das entradas da cidade) e que exigiu um tempo de descanso num banco de uma praça...muito cansado, triste e arrasado ele voltou pra casa sem o remédio. Não existem farmacias abertas 24 horas em Paris.

BONNE ANNEE

Em busca do tempo perdido

Com o passeio noturno do dia anterior, levantamos ao meio dia. Almoçamos e saimos. Primeira parada: farmacia. Por sorte e intuição do Shay caminhamos pro lado certo e encontramos uma das unicas lojas abertas no dia 31 e uma fila que quase saia pela porta. Problema resolvido, pegamos o metro. Sim, porque hoje decidimos andar so de metro. Nada de esforço fîsico. Fomos até o Mercado das Pulgas de Montreuill. Centenas de bancas com calçados, roupas, lingerie, produtos de beleza, eletrônicos, tênis, quinquilharias, comidas, tudo coordenado pelos arabes. Fomos embora levando uns temperinhos pro chef francês que tenho em casa... 50 gramas = 50 cents, umas bananas secas cortadas em rodelas e 3 latas de tinta e 1 anti-ferrugem para pintar nossa voiture.

Em busca do chapéu encantado

Montmartre.. o lugar mais tri de Paris, o mais encantado. Ruelas, escadarias, uma colina de onde é possivel avistar do alto boa parte da cidade. Na subida, achamos um chapéu “classe” pro cabeção.. de veludo italiano...que caiu como uma luva... um casamento perfeito... feitos um para o outro... e o chapéu virou o preferido de Shay...
Do Sacre-Coeur (bem quando a gente chegou os sinos balaram, alias, isso sempre acontece com a gente quando paramos na frente de uma igreja qualquer..os sinos tocam) fomos até a praça onde diversos artistas pintavam o retrato de pessoas que posavam para eles. Pensamos em fazer o nosso, mas 80 euros, definitivamente, não dava. Encontramos atores da Globo tirando fotos, Vera Holtz e um Guilherme não sei o que. Vimos dois bares tri. Os mais legais! Pequeninhos, com piano, mesinhas juntas, em um deles a parede era cheia de bilhetes e o pianista tocava lendo jornal. No outro, as comidas deviam ser deliciosas.. Não tava muito caro, uns 10 pila por pessoa, mas, mais uma vez, a gente ficou so namorando... um dia...quem sabe...eheheheheahaheeh.... Montmartre é o meu lugar preferido, com os bares, bistrôs mais legais, com artistas “anônimos”, como o velhinho do auto-retrato e outro que tocava violino numa pintura. Descemos e demos uma volta no Pigalle, cheio de luzes, cabarés, Moulin Rouge...

00:00

No metrô pra casa vimos as pessoas indo encontrar amigos, familiares, todo mundo arrumado pro Ano Novo. Foi curioso observar o movimento, todos com o mesmo compromisso, uns mais arrumados, outros menos, alguns carregando malas, andando rapido, outros ja festejando...bonne annèe.. chegamos em casa e preparamos nossa janta. Paeja!!! E um vinho tri bom, que o Shay descobriu! 23:20 pegamos o metro de novo, em direção a Champs-élysées. O metro lotou e conhecemos um francês que morava no Rio. Ele disse que o litoral brasileiro parecia a Cote D’Azur... ehehehe...Nos convidaram pra ir numa festa com eles, mas preferimos ir pra rua. Descemos e a estação da Champs estava entupida... Ficamos que nem sardinha, prensados no meio da multidão que tentava sair, começaram a empurrar, mas no fim deu tudo certo. Caminhamos em direção ao Arco do Triunfo, a Champs-élysées estava lotada, tinha muita gente, de todos os lugares, ingleses, espanhois, italianos, brasileiros, indianos, chineses, japas, arabes, russos e acho que a Giovana Antonelli também estava la....
Esperamos, esperamos e nada... A meia noite veio e os fogos, não.... Aos poucos, todos começaram a andar e a deixar a avenida... foi um pouco decepcionante. Fomos em direção ao Hotel Cryllion. Deitamos do outro lado da rua, em cima de um muro e la ficamos olhando a cidade, as luzes, as pessoas passando, entrando no hotel e indo pra festa.

AU REVOIR

Vamos, mas voltaremos

Como levamos sete horas na vinda, achamos melhor acordar e voltar pra Poitiers. Atravessamos a cidade de carro pela River Gouche... Passamos pela Torre, linda!! à bientôt, Paris! Passamos por Versailles, pelo Château, onde morou o rei e a corte francesa... mas não deu pra entrar porque estava fechado, era Ano Novo..ficamos so nos jardins, e que jardins... a perder de vista.. nada modesto.....
As sete horas da vinda se transformaram em 4 na volta. Viemos mais rapido porque não paramos e ja conheciamos o caminho. Quase chegando em Poitiers, em uma pacata villa, onde existia apenas uma rua, meu motorista, literalmente, invadiu a cidade, provocando pânico em quem assistiu a cena... o Shay não viu uma rotatoria e voou por cima do canteiro.. sorte que era baixo e não causou danos... apenas gargalhadas.. eheheheheh. Para encerrar a noite, numa outra rotatoria, um pouco mais à frente, vimos um carro quase atropelar coelhos selvagens que atravessavam a pista.. eram uns 5! Fofinhos!! E bem pequeninhos! Mas eles foram muito rapidos e espertos, como todos os coelhos. Fin!
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